quinta-feira, 28 de julho de 2016

A MÍDIA E O TERROR - por Athos Ronaldo Miralha da Cunha (Santa Maria, RS)

Tempos difíceis esses que vivemos. Tempos de extremos e intolerâncias. Em algumas situações o imediatismo frívolo suplanta um mínimo de razão. Precisamos quebrar alguns paradigmas e um exemplo é, justamente, o conteúdo das informações.
Vivemos numa Era de instantâneos e espetáculos bestiais. As guerras são transmitidas ao vivo. Estamos a um clique da informação em tempo real.

Nesse contexto o jornalismo é um componente fundamental.

Nem tudo são horrores nesse circo. Há um acordo, não registrado em cartório, no meio jornalístico para que o suicídio não seja noticiado. Perfeitamente explicado para que a veiculação da notícia não seja incentivo para potenciais suicidas. Pelo que consta, na Europa, quando um engraçadinho invade o campo de futebol, as televisões não transmitem as imagens do delinquente desportista. Assim, outros possíveis invasores saberão que não terão os minutinhos de fama global.

O que temos hoje nos noticiários? Há um predomínio da violência e do terrorismo.
Fiz uma breve busca na web e selecionei alguns dados sobre o terror praticado recentemente. O número ao lado de cada país representa a quantidade mortes: Iraque [308], Síria [184], Afeganistão [64], Paquistão [72], EUA [49], Turquia [44], França [84] e Alemanha [22].

Penso que os meios de comunicação e suas representações deveriam discutir melhor como dar essas informações. Talvez com menos “espetacularismo”, menos imagens chocantes e menos horário nobre. Uma notícia mais protocolar do que essa midiática, quase uma apologia ao terror e à barbárie. É essa a discussão a ser tratada doravante. E com urgência. Acho que é justamente isso que as organizações terroristas almejam: o instantâneo global.

Essas notícias de violência disseminada e terror ao alcance do jardim nos enclausuram nas nossas próprias residências e nos fazem pensar duas vezes antes de pegar o carro para curtir um cineminha ou um jantar italiano na Quarta Colônia. Há um tique-taque de uma bomba prestes a explodir no inconsciente.


Encerro com os versos da música “Canto dos livres” do saudoso Cenair Maicá: “Quisera um dia cantar com o povo. Um canto simples de amor e verdade. Que não falasse em misérias nem guerras. Nem precisasse clamar liberdade”. Porque o mundo pode ser diferente. 

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