MISSIONEIRO FAKE
Ao chegar ao
hotel, em frente ao mar de Copacabana, fui muito bem recebido pelos atendentes.
Diga-se, bem demais.
Como todo bom
carioca, pessoas educadíssimas no trato com os turistas. Apressavam-se em abrir
as portas do elevador, ofereciam cafezinho, cumprimentavam com esmero, muita
atenção e delicadeza. Mas todo esse tratamento exacerbado tinha uma explicação.
Lá pelo terceiro
ou quarto dia, um dos atendentes chegou pedindo desculpas e perguntou se eu era
pastor. Por alguns instantes fiquei meio apreensivo, pois uma estampa de pastor
não é o perfil que imaginaria para mim. Mas em poucos segundos deduzi o motivo
da pergunta. O rapaz olhava constantemente para um botton na lapela do blazer.
Uso regularmente
a Cruz de Caravaca, Cruz de Lorena ou, como conhecemos aqui por essas bandas,
Cruz Missioneira. Aquela com dois braços. Comprei esse botton quando visitei as
ruínas de São Miguel das Missões. Um lugar mítico, muita energia vinda do
passado. Um lugar que nos coloca em reflexão. Passeio fundamental para quem é
oriundo das Missões ou para qualquer brasileiro que se interessa pela história.
Na lapela do meu
casaco eu faço um rodizio de bottons: Cruz de Caravaca, taça do mundial, mascote
do Inter e o pin de prata da Caixa para eventos corporativos. Devo confessar
que minha lapela já foi bem mais política, mas hoje não vejo motivos, acho que
o desencanto é maior. E na lapela do blazer tem prioridade a Cruz Missioneira.