quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O PROFETA - Conto de Paulo Ras (Paranaguá, PR)

O PROFETA

Ei, moça! Há dias tenho a sensação do teu corpo nu desabado no chão, braços abertos, crucificada lânguida. Tua boca semiaberta gemendo impropérios e abominações, enquanto eu, verdugo insensível, chicoteio, impiedoso, cada nesga alva da tua bunda. Mas, quando abro os olhos, suor escorrendo, corpo teso, olho ao redor e há apenas o pequeno tapete intocado no piso, os sapatos guardado em um canto. Nada do teu corpo em lascivos pedidos silenciadores.


E aí moça, o que acha? Premonição? Sexto sentido?

Nenhum comentário:

Postar um comentário