OS NAMORADOS
Paulo com olhar malicioso para Luiza,
fala :
— Vamos dar uma voltinha, meu bem?
— Aonde pensa em me levar?
— Vamos até a nossa praça, sentar num
banco, minha menina.
— Só?
—
E também conversar um pouquinho.
— Você não vai querer me bolinar?
— Não amorzinho, claro que não. Você
está uma delícia de vermelho!
— Abusado...! Você não cresce mesmo...
Então vamos!
No meio do caminho, ele sobe num muro e
se contorce todo para pegar uma rosa branca do jardim de um vizinho. Ela fala:
— Pare com isso, deixa de ser peralta, é
feio pegar sem pedir. Isso é roubo.
— Quando se quer dar a rosa a quem se
ama, chega a ser até bonito roubá-la.
— Obrigada, meu garoto. Eu também te
amo. Mas..
Eles vão de mãos dadas, chegam à praça e
sentam num banco embaixo de uma pereira. Ele beija o rosto dela, depois o
pescoço. Ela se esquiva, falando:
— Olha as pessoas passando aí.
— Todos têm de ver como o amor se
manifesta!
Ela, olha e sente a descompostura do parceiro,
Paulo pega no joelho de Luíza que com o
sorriso tímido, diz:
— Olha a mãozinha boba! Isso já é...
— Ó, minha menina! Boba seria minha mão
se ela não procurasse as suas pernas...
— Você não tem jeito...!
— Veja como a árvore está florida, terá
muitos frutos esse ano. Ela, com sua sombra, tem sido o abrigo do nosso amor!
__Meu amado!
— Quero tanto fazer amor com você, minha
lindinha!
— Você sabe que não podemos. Não é hora
de pensar nisso.
— E lá se tem hora pra se pensar em
fazer amor, que não seja a hora que desejamos?
Com um sorriso sensual ela diz:
— Há muita gente em casa.
— A gente faz baixinho, igual fazíamos
no porão da casa de seu pai, quando éramos noivos. O som do nosso prazer era
abafado, e retido todo ele dentro do nosso ser.
— Meu safadinho adorável.
— Quando você morde os lábios, meu
desejo aumenta mais.
— Temos de ir! Está esfriando e você não trouxe o seu
cachecol, pode pegar um resfriado desse jeito. Talvez nossos netos nos façam
uma surpresa.
— Bodas de ouro! Há cinquenta anos, a
vida me presenteou com você.
— Até parece que foi ontem que plantamos
essa árvore. Lembra que essa praça era deserta, e uma noite nós...
— Posso te pedir uma coisa?
— Claro! Peça todas as coisas.
— Não cresça nunca, meu menino! Vamos?
— Vamos, vamos meu amor.
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