UM NOVO GÊNESIS
No princípio havia apenas Energia.
E uma imensa massa sólida de matéria
bruta.
O tempo e o espaço como medida, ainda não
existiam, habitavam a matéria.
...
Somente uma forma una e multifacetada
habitava todo o éter.
Uma Energia pura, simétrica, sem
arestas, equilibrada e infinitamente harmoniosa, preenchendo a insondável e
ilimitada abstração primordial.
Apenas energia e aquela massa escura,
composta de matéria sólida, bruta.
Opostos em sua essência, como a
dualidade dos seres.
...
E quis a energia, ser também matéria, e
quis estender a harmonia a esta coisa escura e inerte chamada massa sólida.
Eram infinitas dimensões paralelas.
A energia de infindáveis mundos, com
várias vertentes, e a massa, única ainda a ser moldada e ainda presa a apenas
uma dimensão.
...
E, no início deste idílio, desta fusão,
deu-se o que chamamos big bang, a grande explosão que formou o Universo – tal
como hoje o conhecemos.
...
E tem início a criação deste novo lugar,
a abnegação do Espírito ínsito a energia, antes sem substância concreta, apenas
abstração e força, em harmonia, energia
sem parte sólida, a
ceder algo de seu para engrandecer e exaltar o que viria a
se chamar vida e seu sentido, humano.
A comunhão da energia, pura e bela, com
a matéria, substância bruta a ser moldada.
A massa, a ser transformada, E o
aprendizado da energia, antes sem substância concreta, apenas abstração força e
harmonia. Energia sem parte sólida, algo inteiramente diverso.
Como criar desta substancia escura, luz, como retirar deste barro imemorial, uma
figura bela e perfeita, como a pura energia oriunda da primeira luz harmoniosa
se expandindo no infinito, nos primórdios de um outro gênesis, nem mesmo
vislumbrado em sonhos.
A energia sem fim, frente a uma imensa
massa definida e em expansão.
A evolução sempre se dá com harmonia.
E as variações se mostram na
desconformidade desta comunhão, na impossibilidade de certas formas coexistirem
em espirais concêntricas e harmônicas de evolução.
Um balé de imagens, energia e massa se
mesclando, surgindo em novas formas, brilhantes, lindas, neste vir a ser
celestial, de seres contingentes, destinados a imagem e semelhança.
E, nada que não seja evolução e
construção coletiva evolui em formas, neste constante reviver.
Ressurgindo e renascendo em novas
formas, até a perfeição.
A liberdade criou novas vidas, novos
seres, novas responsabilidades, somente colocadas a prova para superar os
obstáculos de cada etapa da evolução.
A inveja, o ódio, a raiva, por sua
capacidade intrínseca de corrupção e desagregação da matéria na transformação
completa da massa sólida em interação com o espirito, impedem, por si só, a
capacidade de interação evolutiva, levando a auto destruição.
A matéria, ainda corrompida, resta presa
a sua composição primordial, que não permite sua elevação a outras dimensões,
postergando sua ascensão.
A ida a outro plano, não prescinde de
paz, de energia direcionada a criação, uma simples fissura pode desarmonizar
todo o bloco, não há espaço para partes que não evoluam a aceitação e a
coordenação solidária e conjunta, o
esforço comum.
Não há espaço para o dissenso, somente a
busca de soluções comuns, a unificação de opostos, a convergência para um só
destino, para uma só viagem, um só corpo, como um todo evoluindo, aos poucos,
em fragmentos, mas formando uma imensa massa, um corpo multifacetado num
espírito uno.
Enfim em harmonia, o Universo, energia e
massa em harmonia, e em expansão.
A energia agregada a matéria
transformando-se em matéria harmônica, lapidada e etérea como a luz, livre como
a energia para fazer evoluções entre dimensões, a matéria virando energia e com
ela interagindo e alternando passos.
A harmonia final, o eterno passeio,
massa, energia, corpo, luz, e a cada instante novas formas, cada vez mais
simples, cada vez mais complexas.
Em evoluções harmônicas infinitas,
sempre recriando uma nova luz, uma nova forma.
E a beleza destas novas criações faz a
cada novo renascer, um novo quadro, e a cada evolução novas e eternas
partituras, como uma nova música, sempre num crescendo, sempre maravilhosa e
empolgante.
E, neste imenso e infinito lugar, um
fulgor divino, recriando e multiplicando o riso humano, um riso celestial, a
energia em festa, estado puro de homens em seu fulgor de barro, transformado em
luz .
E desta forma luminosa se transformando
novamente em formas concretas,
interagindo com este novo conceito de vida, como criação eterna, de Deus para
Deus e a Deus novamente.
A harmonia do espírito, energia e
matéria, riso e fulgor, sólidos e etéreos, indissoluvelmente.
Homens, massa ainda aspirando a harmonia
desta energia do universo, que, aos poucos, cada vez mais se transforma e, de
sua origem primitiva como homens, se vai imbuindo, impregnando de toda energia
espiritual que habita o universo, vai se
tornando forma luminosa.
E o Verbo se fez carne.
E o homem, imagem e semelhança – massa,
forma e imagem, com livre arbítrio para
se recriar e interagir com o Espírito do Universo.
....
O homem, um ser contingente, um ser em
construção, fruto da união do Espírito com a matéria.
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