PELAS RUAS
Estou só e não
estou. Ando pela alameda que margeia o rio e a paisagem me retém. Por alguns
instantes, sou parte das pontes e das paredes dos velhos edifícios. Numa
esquina, um homem magro de olhos profundos traz uma canção do passado – “La
bohème, la bohème Ça voulait dire on est heureux” - Sigo cantando. A cidade é
imensa e há muito a percorrer. O museu, a catedral, a torre. Encho os olhos nas
elegantes vitrines da avenida mais famosa do mundo. O Arco marca o fim do
caminho e tomo outra via. A rua vai se estreitando e das sacadas, pendem
gerânios coloridos. É primavera e o vento anuncia a proximidade da noite.
“Bonjour! Place de Clichy, s`il vous plaît”, digo gastando meu repertório
enquanto ajeito o cinto de segurança. As luzes começam seu espetáculo, tudo se
enche de brilho. Estou só e não estou... A bordo de um táxi, minha mão se
aquece entre as mãos do meu amor.
Paris, 24 de
maio de 2015
(publicada no
Jornal Leôncio do centro de Letras de Paranaguá, PR)
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