sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

DA IMPRENSA - Crônica de Marcelo Meira (Rio de Janeiro, RJ)

DA IMPRENSA  


Deveras não é simples o debate do tema e nem pretendo me arvorar na condição de certeiro apreciador da questão, mas apenas expressar uma opinião como qualquer um do povo.  Na vida tudo tem limites e nada no mundo da nossa realidade cognitiva é infinito, a não ser nosso desconhecimento do que seja o próprio infinito. Assim, podemos dizer que a imprensa constitucionalmente livre é necessária, mas não sem limites, como tudo na vida costuma ter. Constitucionalmente livre apesar de nem todos poderem avaliá-la em toda a sua pretensão (dela). Muitas vezes ela não está a difundir a opinião livre, mas produzindo a opinião nos rumos em que investe. A imprensa em todas as suas conotações há que não ser partidária radicalmente, como acontece de ser, modificando a verdade, imputando ideologias e defendendo políticas de partidos em consonância com interesses também financeiros. Muitas vezes esconde a verdade ou a transforma. E quando quer ou precisa, como "negócio" que não deixa de ser, dispara sua artilharia pretendendo alcançar a independência interior de um segmento populacional. Basta uma semana de bombardeio prejulgado para trazer à tona o "espetáculo",  que é o que vende. Desde então, reputações inteiras ou ideias podem ser destruídas por completo. Como não regulamentar isso? É comum nos noticiários nacionais a colocação do termo "suposto", para que se eximam da responsabilidade. Mas também é de fácil suposição que a notícia se pressupõe na cabeça dos leitores e aí o prejuízo já está causado. Nos EUA ocorre, em vários casos, de não ser o réu fotografado em suas idas ao júri criminal, sendo permitido o desenho gráfico das pessoas envolvidas como cautela para uma possível absolvição. Essa expressão "regulamentar", a qual gera uma pseudo fobia aos mercadores de ideias ou até mesmo aos
mais desavisados, não significa cercear, mas organizar de acordo com uma realidade constitucional, relações em sociedade. Quanto maior a universalidade da imunidade menos eficiente o poder do leitor para julgar ou votar. O jornal trouxe a extinção do livro para uma boa parte da camada populacional mais carente, como se diz por aí, e por isso a necessidade maior de seu compromisso com a autenticidade. É da natureza do homem o comprar e vender. Daí porque todo contrato, como toda imprensa que gira no mundo negocial devem ser regulamentados. E isto diminuiria a assustadora seleção da crítica e do pensamento que às vezes e sem razão é imposta às camadas mais desfavorecidas e até às que melhor se situam, porém em estado de distração. Ou então, em sentido contrário, a consequente forma de proceder irá competir com a Democracia que em muitas oportunidades poderá não prevalecer em sua verdadeira e substancial essência. A Imprensa deve ser livre e responsável, assim como eivada com o compromisso de tentar fazer prevalecer a verdade. Portanto, a ela não se pode conceder o chicote da pretensa imunidade sob o falso argumento da sua liberdade. O mundo para verdadeiramente ser livre não deve ser submetido dessa forma muitas vezes cruel, arrogante e autoritária que surge não apenas da censura ilícita, mas também de interesses que podem vir a ser escusos, dos proprietários de periódicos ou de grandes conglomerados jornalísticos.  Liberdade maior deve ter o povo para pensar e decidir de acordo com a lógica não violada das coisas.

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