NÃO ME TOQUE
- Saia daqui,
Dorival. Não me toque, nunca mais. Nem depois que eu estiver morta! Não
permitirei que você conduza sequer uma alça de meu caixão!
E Dorival,
obediente como ele só, roçava com a pontinha dos dedos os fios compridos da
cabeleira rebelde da ex-namorada.
Pecador
confessava-se arrependido pela asneira cometida num momento de cegueira.
Diante daquele
júri implacável, por quem fora condenado sem direito a apelação, perguntou a
meia-voz:
- Que faço com o
estojo de veludo onde guardo duas alianças? Pretendia, justo hoje, surpreendê-la.
Eu e você, para sempre, só nós dois e ninguém mais.
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