HISTÓRIAS DE
AMOR EM DIA DE CHUVA
Saio dos sonhos
para digitar um poema. Palavras, frases, ideias correm na chuva, Se apresentam
e tentam me invadir. Quero falar que todas as histórias de amor são ridículas,
já que não se escrevem mais cartas. Desisto. Quem sou eu para brincar com
versos de Pessoa? As minhas foram, penso. Estou condenada a não falar sobre
elas? Me acodem versos musicados pela chuva. O primeiro me chegou como quem
chega do nada. Perfeito, ninguém descreveria o que aconteceu comigo. Me
entusiasmo e começo a cantar a história do segundo, do terceiro. Ouço a risada
da irmã do Caetano. Ela começa a cantarolar Chico Buarque. Ele também já brigou
com ideias e compôs a música inspirada na cantiga de rodas. Para ele, os versos
chegam de mansinho. Não se atrevem a invadir como quem chega do bar. Comigo é
assim, as imagens não deslizam, elas resvalam e são levadas e lavadas. Mas eu
tive histórias de amor, todas ridículas, me parecem, nas primeiras horas da
manhã. Se não fossem ridículas não seriam historias de amor, suspiro, enquanto
digito neste iPhone que muda as palavras que escolho. Mas a chuva cai mansa e
me recupera da luta. Hoje pegarei de jeito um poema. Ele há de vir rolando
sobre os telhados que avisto da janela de meu quarto.
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