sábado, 10 de outubro de 2015

HISTÓRIAS DE AMOR... - Crônica de Vera Ione Molina Silva (Uruguaiana, RS)

HISTÓRIAS DE AMOR EM DIA DE CHUVA


Saio dos sonhos para digitar um poema. Palavras, frases, ideias correm na chuva, Se apresentam e tentam me invadir. Quero falar que todas as histórias de amor são ridículas, já que não se escrevem mais cartas. Desisto. Quem sou eu para brincar com versos de Pessoa? As minhas foram, penso. Estou condenada a não falar sobre elas? Me acodem versos musicados pela chuva. O primeiro me chegou como quem chega do nada. Perfeito, ninguém descreveria o que aconteceu comigo. Me entusiasmo e começo a cantar a história do segundo, do terceiro. Ouço a risada da irmã do Caetano. Ela começa a cantarolar Chico Buarque. Ele também já brigou com ideias e compôs a música inspirada na cantiga de rodas. Para ele, os versos chegam de mansinho. Não se atrevem a invadir como quem chega do bar. Comigo é assim, as imagens não deslizam, elas resvalam e são levadas e lavadas. Mas eu tive histórias de amor, todas ridículas, me parecem, nas primeiras horas da manhã. Se não fossem ridículas não seriam historias de amor, suspiro, enquanto digito neste iPhone que muda as palavras que escolho. Mas a chuva cai mansa e me recupera da luta. Hoje pegarei de jeito um poema. Ele há de vir rolando sobre os telhados que avisto da janela de meu quarto.

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