sábado, 10 de outubro de 2015

PAPO MARGINAL... - Conto de Marcelo Meira (Rio de Janeiro, RJ)

PAPO MARGINAL OU NECROLÓGIO ÀS AVESSAS DE UM MALANDRO DA ANTIGA.


Mané abotoou o paletó. Tinha uma diferença pra tirar cum os home por causa de um banho que deu numa parada errada. Pensou que tava dixavando. Só que a estória do berro que ia usar mixou e ainda tomou um balão apagado. Medrou. Pior que baratinado, jogou um xaveco, levou uma dura e deu o serviço. Depois que o pássaro cantou se meteu numa confa, tirou uma xinfra, tomou um sarrafo e quase levou um teco. Muito antes tinha sido um babaquara e vacilão. Andava sem babilac, portava trabuco mas num tinha ameixa e sempre fugindo do meganha. Na ronda não passava de um galo. Cansou de dar bandeira quando ia afanar. Vivia gamado e cheio de atraso por bandida de tabaca bonita, mas na hora de trocar o óleo só arregava bafo com papo de araque, aí se mandava pro samba da Vila pra colar com jaburu. Pura forçação de barra. Mas conseguiu, na noturna, uma vagaba bacana que perdeu pra curriola. Dançou porque gostava de um bordejo e só andava com as mina da boca marcando presença, nunca dando adianto pra ninguém. Não era de truta. E se fosse apertado logo batia a língua sem arriar cascata pra se dar bem. Nunca foi da política e por isso tomou chute quando esteve na tranca. No bolso só micharia de dar pena ao cana na hora da geral. De uma fase pro fim já andava morgado e churreado. Fumava simidão e pedia as vinte na maior. Um dia ganhou na loteca, comprou uma máquina e turbinou uma banca. Tava mais que manjado, levou chumbo na luneta e morreu com a burra cheia. Mané era um Zé otário. Morô... meu chapa! Mas enquanto viveu... curtiu o maior barato.

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