FAMÍLIA
Deu
poucos passos com o cãozinho na guia. Ia comprar lençóis e travesseiros numa
boa loja. Queria entrar o novo ano com beleza e conforto.
Sentiu
aquela vertigem, efeito do remédio que devia tomar por cinco anos, que só
sentira em casa. Pensou que seria um horror cair na rua com um animalzinho de
estimação. As pessoas sentiriam pena, talvez a levassem para uma casa estranha.
Voltou-se
em direção ao seu prédio e viu bem próximo um barzinho com cadeiras e mesas de
lata na calçada. Caminhou com cuidado e sentou-se. Um jovem perguntou se ela
queria que chamassem alguém. Não precisava, só ia comer um sanduíche e tomar um
refrigerante.
Pensou
quem poderia chamar em uma emergência. A memória não ajudava. Um dos filhos
viajando pelo mundo, o outro nunca dizia quando a veria novamente.
Foi
para casa, deitou no sofá da sala e deixou a porta do apartamento aberta.
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