NO
LIMIAR DA AÇÃO
Em
mil novecentos e noventa e oito desembarquei em Brasília e segui em direção a
um táxi. Chegando ao meu destino saltei e caminhei pela calçada. Em dado
instante interrompi meus passos e meditei longamente. Ora, a que plagas me
levaria aquela jornada?, a que insólitos ou inusitados recônditos dos mais
ocultos países da alma?, a que culminação de sensações e boqueirões de
mansuetudes ou agonias? Ao passado quase concluso sobrepunha-se a atmosfera do
tempo presente... com o que era inesperado e escabroso daquela viagem e todos
os seus embates. De tudo aquilo que havia ficado para trás, como a neblina que
se dissipa por entre os pinheiros da serra, imaginava o sentido do tempo e do
compartimento desconhecido que se abria a me depositar no mais novo limiar da
ação. Era uma primeira tomada de posição diante dos fatos. Era ou não uma
fatalidade que poderia se entreabrir ou eclodir com diversos resultados. Era um
olhar apenas físico eis que o imaginário parecia ter ainda amarras com a terra
de onde partira para um novo destino, porém arregimentado por novas incertezas
das metas a alcançar. E ao cabo do espaço temporal necessário ... tudo deu
certo . A missão foi cumprida. E com o ânimo impertubado, sem mágoa ou
ressentimento, contrição ou angústia e sem até aquele sentimento de
"melancolia da tarde do qual falava Zaratustra", retornei a minha
terra natal, onde o tempo continuou a voar nas asas do vento sem macular de
forma alguma o meu pensamento.
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