sábado, 2 de janeiro de 2016

NO LIMIAR DA AÇÃO - Crônica de Marcelo Meira ( Rio de Janeiro, RJ)

NO LIMIAR DA AÇÃO


Em mil novecentos e noventa e oito desembarquei em Brasília e segui em direção a um táxi. Chegando ao meu destino saltei e caminhei pela calçada. Em dado instante interrompi meus passos e meditei longamente. Ora, a que plagas me levaria aquela jornada?, a que insólitos ou inusitados recônditos dos mais ocultos países da alma?, a que culminação de sensações e boqueirões de mansuetudes ou agonias? Ao passado quase concluso sobrepunha-se a atmosfera do tempo presente... com o que era inesperado e escabroso daquela viagem e todos os seus embates. De tudo aquilo que havia ficado para trás, como a neblina que se dissipa por entre os pinheiros da serra, imaginava o sentido do tempo e do compartimento desconhecido que se abria a me depositar no mais novo limiar da ação. Era uma primeira tomada de posição diante dos fatos. Era ou não uma fatalidade que poderia se entreabrir ou eclodir com diversos resultados. Era um olhar apenas físico eis que o imaginário parecia ter ainda amarras com a terra de onde partira para um novo destino, porém arregimentado por novas incertezas das metas a alcançar. E ao cabo do espaço temporal necessário ... tudo deu certo . A missão foi cumprida. E com o ânimo impertubado, sem mágoa ou ressentimento, contrição ou angústia e sem até aquele sentimento de "melancolia da tarde do qual falava Zaratustra", retornei a minha terra natal, onde o tempo continuou a voar nas asas do vento sem macular de forma alguma o meu pensamento.

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