RIMAS
INFELIZES
Às
nove e meia da manhã, uma moça entregava, na veterinária, objetos para serem
doados ao Canil Municipal. O cachorrinho morreu ontem e, pela expressão
decidida no rosto, ela deve ter feito tudo para salvá-lo.
Duas
mulheres, mãe e filha talvez, descreviam o câncer, a ascite e outras doenças,
enquanto um boxer que devia ter sido muito possante recebia medicação. Era
velhinho, dezessete anos, mas o da vizinha tinha vinte. Por que o Ringo?
E
a outra? Batera na porta às oito horas e ainda observava o soro, o antibiótico,
a vitamina no bracinho minúsculo da bebê cachorra. Os cabelos despenteados, os
botões da blusa desencontrados, cantava rimas infelizes para a melodia de Frère
Jacques que pediam: São Francisco, São Francisco/ olha aqui, vem aqui/ olha a
menina, cuida da menina,/ Felicity, Felicity.
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