ALZIRA
- Corno! Corno!
Você é um corno, Peixotinho!
- Cala a boca,
Alzira!
Os gritos
ecoavam pelo pequeno prédio. A cena já estava feita. Peixoto descontrolado.
Alzira nua. E o amante trancado no banheiro.
- Você é uma
desclassificada!
- E você um
frouxo!
- Você é a mãe
dos meus filhos! Porra Alzira!
- Por isso você
virou corno Peixotinho! Eu quero ser fêmea.
Atônito o marido
arregalou os olhos.
- Vou soletrar
para você: F-Ê-M-E-A! Entendeu? Fêmea.
- Mas eu sempre
pensei que você queria ser mãe, Alzira!
- Porra
Peixotinho! Que mulher sonha em ser mãe, ficar embagulhada e nunca mais ter
sexo na vida?
Ele fez menção
de responder. Foi bruscamente interrompido.
- Não venha me
dizer “Mamãe, Alzirinha!”. A bruxa da tua mãe é uma amarga e foi corna durante
30 anos. O safado do teu pai morreu em um motel barato com duas putas de beira
de estrada.
Quis levantar a
mão.
- Bate corno.
Bate e depois vai correr para chorar no colo da bruxa.
Furioso foi para
cima dela.
- Vai. Bate em
mim Peixoto. Faça alguma coisa de macho nessa vida. Mas bate com vontade que eu
adoro apanhar.
Ele foi baixando
a mão lentamente.
- Mas você é um
frouxo mesmo, Peixotinho.
Alzira se
levantou da cama. O corpo arrepiado. Os bicos dos seios denunciavam a
excitação. Ela virou e mostrou a bunda para o marido.
- Está vendo
essas marcas de dedos? Foi o meu macho que fez. Tatuou esse tapa em mim,
Peixoto. E eu fiquei louca.
O amante começou
a rir no banheiro.
- Cala a boca,
Clarício. Você é outro frouxo. Isso quem fez foi o Tião Mão de Onça. Eita homem
com H maiúsculo.
O amante ficou
quieto.
Ela virou para o
marido. Deu de cara com um 38 apontando para ela.
- Vai Peixoto.
Atira! Atira! Me mata vai. E mata o Clarício também!
- Eu não! Eu
não!
Depois da
negativa o barulho. Clarício se jogou do banheiro e caiu na caçamba de lixo.
Saiu correndo pela rua nu, mas vivo.
No quarto,
Alzira ainda se mostrava descontrolada. Se olhava no espelho pelo canto do olho
e via o corpo ainda exuberante para os 45 anos. Sentia os seios doerem e as
pernas tremelicarem tamanha era a excitação que sentia.
- Vai Peixoto!
Atira. Atira corno.
Peixoto tremia.
- Me mata ou me
joga na cama, me trata que nem fêmea.
Peixoto começou
a pressionar o gatilho. Olhou Alzira. Ela exalava um perfume diferente.
- Eu...
- Diga Peixoto!
Fala porra!
- Eu... amo você
Alzira.
E se jogou aos
pés de Alzira, chorando.
Ela desistiu.
- Você é um
filhinho de mamãe mesmo Peixoto. Você é um menininho que não cresceu. Você só
vai ser macho quando aquela cobra for embora.
Ela vestiu a
roupa e foi. Peixoto recolheu a arma e também saiu.
Duas horas
depois chegou em casa. O casal de filhos na escola. Alzira no banho. Ele abriu
a porta do banheiro. A arma na mão.
- Alzira!
- Que foi
Peixoto?
- Cala a boca
sua vagabunda!
Alzira se
espantou e abriu a porta do box.
Assustou-se.
Peixoto estava nu, ereto como a anos ela não via.
- Nossa
Peixotinho!
- Cala a boca
porra.
E esbofeteou
Alzira com vontade. Ela passou a mão no rosto. Sorriu.
Ele jogou a arma
no chão e amou Alzira ali mesmo. Bufava feito um animal no ouvido da mulher que
se perdia em gemidos como nunca havia se perdido antes. Quem era aquele homem?
Ficou extenuada. Peixoto acendeu um cigarro.
- Peixoto, você
nunca fumou!
- Alzira vem cá.
Ela foi
engatinhando. Chegou perto e levou um tapa na bunda.
- Fica quieta
vai!
A campainha
tocou. Alzira foi atender. Peixoto se vestiu rápido e foi atrás.
Ela abriu a
porta.
Peixoto
algemado.
Atirou na mãe. Matou
a bruxa.
Ele saiu
sorrindo irônico.
Alzira ficou
excitada.
Agora tinha um
marido bandido.
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