sexta-feira, 23 de outubro de 2015

REFLEXÃO - Crônica de Marcelo Meira (Rio de Janeiro, RJ)

REFLEXÃO


Era uma vez um satélite que girava em torno da terra. E depois uma história que não acabou porque não tinha fim. Foi assim, de passo a passo, remarcado, que lembrei de ti - inundação sempre presente. Veio a noite e o instante delirante não se construiu. Um menino jogava bola no quintal ao lado. Abri os braços para o mar em direção aos lugares do céu. Tudo imensidão! Penetrei no labirinto e cantei a canção do Minotauro. Grécia perambulante, adormeci nos braços do continente. Fazia frio, muito frio - meu coração envolto em um cobertor estava só, extremamente só. Desatinos libertinos, alvissareiros, procuravam rimas e não encontravam pares. Foi quando surgiu uma estrela no céu deserto e quase ninguém viu. Achei desde então que era tudo muito belo. O desencontro, a procura, o encontro. Era! Tirei a fotografia da luz e fiz a revelação nas trevas. Tudo tinha sentido, tudo tem. Irregular o formato da bica que pinga o barulho eternidade. Continuei a correr os rios de setembro, com a diferença da motivação maior que me invadiu. Foi aí que verifiquei que estava lúcido, impressionantemente lúcido e dizia tudo isto por que tenho apenas a dizer que a vi. Tu corrias de braços abertos e tuas vestes esvoaçavam levemente. Fazia um vento medido para a ocasião. Eras muito bela, de uma postura inconfundível. Tua imagem se aproximava e me preenchia uma sensação de calma. Só então percebi que tu sorrias, mas eu sonhava!

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