sexta-feira, 22 de abril de 2016

CIDADE BAIXA - Crônica de Marga Cendón (Uruguaiana, RS)

CIDADE BAIXA

Arrancada do sono pelo sino da igreja do bairro, pula da cama e suspende a cortina.
Lá em baixo, patinadores usando capacetes que mais parecem patinhos coloridos, ocupam o asfalto ainda deserto dos barulhentos automóveis. Do lado de lá, sob a marquise do salão da esquina, um morador de rua dorme em pedaços de espuma encharcados pela chuva de ontem. Amarrado a seu pé, um carrinho de supermercado guarda seus pertences. No edifício em frente, um casal se despede com um beijo demorado. A banca da Sarmento Leite com a Lima e Silva, escancara as portas repletas de chamativas manchetes. Duas pessoas compram jornais. No mais, tudo é serenidade. A Cidade Baixa recupera-se do sábado.

O domingo convida para um passeio, mas a cama a puxa de volta como um ímã. Cobre a cabeça com o travesseiro. Em pouco menos de duas horas, o bendito sino vai soar outra vez...

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