CIDADE
BAIXA
Arrancada
do sono pelo sino da igreja do bairro, pula da cama e suspende a cortina.
Lá
em baixo, patinadores usando capacetes que mais parecem patinhos coloridos,
ocupam o asfalto ainda deserto dos barulhentos automóveis. Do lado de lá, sob a
marquise do salão da esquina, um morador de rua dorme em pedaços de espuma
encharcados pela chuva de ontem. Amarrado a seu pé, um carrinho de supermercado
guarda seus pertences. No edifício em frente, um casal se despede com um beijo
demorado. A banca da Sarmento Leite com a Lima e Silva, escancara as portas
repletas de chamativas manchetes. Duas pessoas compram jornais. No mais, tudo é
serenidade. A Cidade Baixa recupera-se do sábado.
O
domingo convida para um passeio, mas a cama a puxa de volta como um ímã. Cobre
a cabeça com o travesseiro. Em pouco menos de duas horas, o bendito sino vai soar
outra vez...
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