sexta-feira, 22 de abril de 2016

O NADADOR - por Augusto Cruz (Salvador, BA)



A campainha tocou!
Saltou!
Sentiu a gostosa e conhecida água envolver seu corpo. Contorcendo-se, avançou em diagonal rumo à superfície e passou a bater braços e pernas.
Não é um simples bater braços e pernas.
A coordenação motora trabalhada exaustivamente ao longo dos anos, aula a aula, ouvindo os gritos de seu treinador, ora corrigindo movimentos, ora exigindo mais força e empenho.
A turbulência causada por suas braçadas aliada às batidas dos seus adversários tornava o deslocamento mais difícil, mas o ensurdecedor som que vinha das arquibancadas o motivava a dar mais de si.
O cheiro do cloro, o sabor da água tratada, eram ingredientes a mais em sua corrida à vitória.
Lá vem a parede!
Mergulhou, rodopiou e sentiu seus pés no azulejo, dobrou os joelhos e impulsionou o corpo.
Dirigiu-se à superfície mais uma vez para os últimos cinquenta metros.
Os gritos da plateia aumentaram juntamente com o ritmo de seu coração.
À sua volta dois nadadores fortes disputando braçada a braçada!
Agora sabia que estava disputando com os dois, mas disputando o primeiro lugar, ser o segundo significava que seria o primeiro dos últimos.
Sentia todo o esforço nos braços, pernas, pescoço e a respiração ofegante. Como é duro respirar e manter ritmo forte.
Não imaginava que conseguisse nadar em tamanha velocidade por tanto tempo, seu coração pedia que parasse.
Bateu na parede!
Tirou os óculos, olhou para cima rodando a cabeça em busca do placar eletrônico, uma espiral de cores e rostos turvos era o que via ao girar a cabeça, ainda atordoado com o esforço.
O atleta à sua esquerda o abraçou.
Era seu nome que aparecia em letras douradas no placar eletrônico: primeiro lugar!
Venceu! Medalha de ouro!
Uma voz feminina gritava seu nome no alto falante da arena.

-- Acorda filho! Hoje tem aula de natação, você adora! – insistia sua mãe.

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