A
campainha tocou!
Saltou!
Sentiu
a gostosa e conhecida água envolver seu corpo. Contorcendo-se, avançou em
diagonal rumo à superfície e passou a bater braços e pernas.
Não
é um simples bater braços e pernas.
A
coordenação motora trabalhada exaustivamente ao longo dos anos, aula a aula,
ouvindo os gritos de seu treinador, ora corrigindo movimentos, ora exigindo
mais força e empenho.
A
turbulência causada por suas braçadas aliada às batidas dos seus adversários
tornava o deslocamento mais difícil, mas o ensurdecedor som que vinha das
arquibancadas o motivava a dar mais de si.
O
cheiro do cloro, o sabor da água tratada, eram ingredientes a mais em sua
corrida à vitória.
Lá
vem a parede!
Mergulhou,
rodopiou e sentiu seus pés no azulejo, dobrou os joelhos e impulsionou o corpo.
Dirigiu-se
à superfície mais uma vez para os últimos cinquenta metros.
Os
gritos da plateia aumentaram juntamente com o ritmo de seu coração.
À
sua volta dois nadadores fortes disputando braçada a braçada!
Agora
sabia que estava disputando com os dois, mas disputando o primeiro lugar, ser o
segundo significava que seria o primeiro dos últimos.
Sentia
todo o esforço nos braços, pernas, pescoço e a respiração ofegante. Como é duro
respirar e manter ritmo forte.
Não
imaginava que conseguisse nadar em tamanha velocidade por tanto tempo, seu
coração pedia que parasse.
Bateu
na parede!
Tirou
os óculos, olhou para cima rodando a cabeça em busca do placar eletrônico, uma
espiral de cores e rostos turvos era o que via ao girar a cabeça, ainda
atordoado com o esforço.
O
atleta à sua esquerda o abraçou.
Era
seu nome que aparecia em letras douradas no placar eletrônico: primeiro lugar!
Venceu!
Medalha de ouro!
Uma
voz feminina gritava seu nome no alto falante da arena.
--
Acorda filho! Hoje tem aula de natação, você adora! – insistia sua mãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário